19 julho 2009

Entreaberta


Ainda deitada acordei
Vi-te a meu lado
Quente, manso, tranquilo
Pendente para mim
Querendo mais

Esperei
Por ti
Pelo teu acordar
Aguardei e inspirei
Cada expiração
Que sentia
Que saía e ficava
Pairando no ar

A janela aberta
Fazia-me sentir
Aquele cheiro
Profundamente fresco
Intensamente claro
Purificante

A luz era fracamente forte
Como sempre foi
Àquela hora
Na manhã tardia

Do dia
Que não esperávamos
Não o queríamos
Como dia
Só para nós...

Suficiente era aquele quarto
Aquela janela
Aquele respirar profundo
Suficiente para esperar
Por outro momento assim
Sem tempo

14 julho 2009

Espreitar

Perdida de momento
Desesperada
Por ser
Eternamente encontrada
Por ti
Quem sabes
Quem sou
Que nada teme
Nem quer
Mais
Que aquilo
Que carrego
Comigo
Dentro, de fora
Na penumbra
No anseio
Triste e melancólico
De quem nunca teve
Quem a encontrasse
E que vive
Sabendo que perdida
Morreu

Digital

Perdi-me no tempo
Naquele momento
Que me soube
Bem, como ninguém
Sabe que de mim tem
O que nunca teve
Encostei-me naquela parede
Branca, fria
Quente de te ter
Por te ter
Como nunca tive
Alguém
Os meus braços pendurados
Sentiam
A cal
A ferver
Por baixo dos dedos
Envolvendo a impressão

Única como somos
E ninguém tem
Terá
Aquilo que é só meu
Teu
Nosso