30 abril 2009

Quente

Sei que sabes coisas minhas...
Profundas, escuras e escondidas
Que procuro não saber, nem escolher quem sabe
Prefiro mesmo nem saber quem poderá eventualmente conhecer
As minhas chamas
O meu ardor
De quente, tão quente, arrefece o vento que sopra
Pára – digo eu!
Quero permanecer acesa, não me apagues! - imploro!
Quero continuar a viver
Esta vida que escolhi
Custe o que custar
Venha a faca e me tire, mas sem isto não quero continuar
Não fará sentido respirar,
Sem ti, não vás, sem ti, vou eu...

21 abril 2009

Doce

Estiveste lá comigo
Juntos caminhámos
Percorremos os nossos corpos e soltámos
Um pouco de nós
Deste-me
Um doce, sopro
Quente e húmido
Senti-te perto, incorporado em mim
Como se aquele fosse o nosso nascer
Desde sempre juntos
Para sempre longe
Palavras que de tão cegas e surdas
Falam e calam sentimentos
Têm na sua história, lágrimas de amargura
Lágrimas de dor e sofrimento
Como as de um nascimento
Aguardado e merecido
Estive assim
no teu interior e nem me viste
Passei por ti
Cheirei-te
Contornei os teus limites e
Nunca mais me esqueci...

Na minha...


Esqueci-me de mim
Entre as ruas do silêncio
Inundadas de gente estranha
Que não me vê
Não me vê, porque não estou
Estou longe deste tempo
Daquele momento
Que tivémos
O cheiro das ruas têm sabor de noite
Sentimento de rio
Húmido e próximo
Carregado de histórias
Tristes, humanas e contentes
Histórias únicas de instantes
De minutos que foram
Há anos, distantes
Horas de prazer
Gritos surdos abafados pelas ruas
Que agora percorro
Só...

15 abril 2009

No caminho



As palavras que me calam
Surdas de silêncio
Cegas de sentimento
Não te querem, nem te sentem
Esquece, as palavras comeram-se
Devoraram tudo o que possuíam de aperto e abertura

Abriram-se um dia distante
Foram roubadas, esquecidas
Agora, doridas, sofridas
Têm medo de ti
Desaparece!
Não te querem mais...

As palavras que me seguem, perseguem-me
Não me largam,
Esqueçam-me, não vos quero!
Censuro tudo o que quero,
Tudo o que sinto e o que vejo
Já te disse que não existes, para mim, foste
Um dia
Aquilo que hoje já não és!

Como nuvens cinzentas
Pesadas de chuva
Descarregam em mim
Mágoas, tristezas e amarguras
Depois leves
Seguem caminho e encontram-se
Distantes!

01 abril 2009

EVEntualmente


Sabes-me bem, tão bem...
Inundei-me por um cheiro
Doce, forte até mesmo apimentado...
Tão bom

Tão bom que chego a senti-lo
Mesmo quando não estás
Ao percorrer caminhos
Inspiro e sinto-te

Tenho certeza que aquele cheiro
Pertence-te
Tão teu...

Não sei quando nem porquê
Sei que estás, presente em ausência
E por vezes fazes-te sentir

Sinto-te tanto, profundamente...
Sinto-te bem, claramente...
Sinto-me descoberta, nua e crua, como sou.